Antologia Bloética: Poemas e Poetas

Esta página se propõe a compilar poetas que divulgam exclusivamente seus poemas em blog. Sabendo que alguns possuem obras publicadas em livro, ainda assim agregaremos esses autores com a condição de que os poemas selecionados tenham sido publicados na rede. Bem-vindos ao blog dos "bloetas!!!

Luiz Filho de Oliveira



Poeta da rede. Reside em Teresina, Piauí.
Link para o blog: DELEITURA



Para colher de colher

um poeta contra
a fome de letras planta
outro poema no planeta

(Luiz Filho de Oliveira. Deleituras  para Comer na Rua, 2011.)


***


em meta tua nua linguagem poética

sem oralidade: em fala de pedra
me-implicito-em-teus-ângulos-explícitos
com minha língua paisagem

como nenhum poeta ou bardo
em cantos canto algum ou carme
ousou poamá-los por lira tal

faço-o em oraliginalidade
de quando a onde: agoraqui
com linguadas de linguagem



(Luiz Filho de Oliveira. BardoAmar. Teresina: Edição do Autor, 2003-2010.)


Henrique Pimenta

Poeta da rede. Reside em Campo Grande - MS - Brasil.
Link para o blog: Bar do bardo

Soldado

Lanceia-me no peito por que eu possa
Ferido definir a minha sorte.
Melhor o ferimento para a morte
Que a vida sem sentido, só na troça.

Enleia-me ao que leio de mais forte
Nos olhos que iluminam para a fossa,
Na boca que me amarga mas adoça,
Na vida à mão da morte, sã consorte.

No peito por que eu possa, pois, ferido,
No rumo para as últimas de mim,
No fim que me define, e me engalfinho,

No fundo pelo menos conferido,
Na poça de meu sangue ser, enfim,
A gênese do pó do vão caminho.
***
A fotógrafa
- para Gisele Freire

Os Mestres me impressionam, Os invoco...
Espíritos nas águas - escultura,
Os céus vão se tingindo de pintura,
Um ar de não sei quê diz "eu retoco".

As luzes se compõem para o meu foco,
Precisa ao paraíso que inaugura
Ao címbalo do Bem iluminura,
Eu vejo tudo o mais em vão e inócuo.

É simples como um toque: epifania...
É a síntese de Deus, o que me investe
De gozo e regozija à cena etérea.

Eu sinto que é o Amor em harmonia
À luz dos artifícios da Celeste,
O que há de menos denso na matéria...

Cláudio Schuster

Poeta da rede. Reside em Florianópolis - SC - Brasil
Link para o blog: Beba Poesia


um escritor que não ama
escreve um lindo poema de amor
e sem entender de onde vem
chora
e adormece só
sem respostas
sem ver
sem beijar
seu amor
sorrindo
dormindo
profundamente
ao seu lado

***
não estranhe
se eu subir as paredes
como um sol
ou descer ao centro da terra
como uma ficção
ou sumir no silêncio
como um criminoso
como um criminoso
ensolarado e irreal
eu volto

Nydia Bonetti

Poeta da rede. Reside em São Paulo-Brasil
Link para o blog: Longitudes

flor do sol

no meu quintal
um girassol- um só
e ele gira
gira
em busca do sol
- é único
mas não é só
o sol lhe basta
- é sina de girassol
- me ensina
girassol a não ser só
baste-me o sol
- e a vida
enquanto
houver o sol-
e a vida
***

olhos de pedra

de esperar
arranco
das pedras, os olhos

meus olhos, arranco
e os atiro ao mar

pesados,
logo serão tragados

pelo abismo
dos olhos cansados

eu, sigo
com meus olhos
de pedra

Mercedes

Poeta da rede. Reside em Santa Catarina - Brasil

Link para o blog: Cosmunicando

papel de arroz

uma parede translúcida
derrete sob a chuva fina
afoga
montes de polpa escrevendo
nossos papéis
da janela, solto um pássaro
origami
e me dobro sob as tuas evidências

***

lente

nos olhos
o aluvião
daqueles
que não
ali
viam
tão claras
imagens
de sal e
ver
dade

Jefferson Bessa

Poeta da rede. Reside no Rio de Janeiro - Brasil

Link para o blog: Jefferson Bessa

Poema



Caminha, poema, ainda mais e mais incendeia todas as línguas:
Essas grandes que falam
Da tua poesia

Como de lógica.

Leva em suas costas só a bolsa pendurada com o peso da poesia
Nos teus braços, deslizando
No que envolto

Dele é físico.

Caminha, poema, a uma viagem sem chegada. Passa sozinho
Para ouvir o mundo que ao teu lado
Diz nada saber

De traços últimos.

Limpa os corredores de tua poesia trancando as portas da poeira
Dessas vozes altas das verdades
Que tua forma queimam

Como lâmpadas.

Caminha, poema, pelo chão não canses de teus passos lidos
Amanhã logo após a chuva
Tuas letras ficarão

Apenas úmidas.

***

Chuva

Quando em verso digo chuva
Fala-se da única
Ao largo de outras chuvas
Faz-se ela não de água
Mas de som chiado
Na enxurrada de agora
De chuva que é voz
Porque já não a faço dizer
Com (funde-se) ao verso
Então comigo murmura:
Chuva

Adelaide Amorim

Poeta da rede. Reside no Rio de Janeiro - Brasil.

Link para o o blog: Adelaide Amorim

AQUARELA
quase manhã e o vento urdindo a luz
em hastes
cores concreto e áspero de asfalto
lascas de sol nas vidraças
os edifícios
erguem punhos severos contra o céu
e lançam calmos enigmas sem letras
à carne da cidade amanhecida
temperada
em vida e óleo diesel

FESTA
o vento no asfalto quente
é um peso lento ameaçando o mundo
e as copas
feras no cio
sons graves de oboés
pelas estradas
e intermitente a luz
fuzila a terra
a chuva chega
e é festa de serpentes
nos telhados

ODE À FUGA
fugir às vezes é inventar estradas
em pleno pântano
e pontes sobre areia movediça

Murilo Hildebrand de Abreu

Poeta da rede. Reside em Belém - PA - Brasil

Link para o blog: O nascimento das palavras - o blog do Murilo Hildebrand de Abreu

(quantos dias há num dia? E a noite?
Abriga quantas noites? (cada pulsar, um
novo coração; cada pulsar, um novo
homem (quantos homens é um homem?
(tenho aqui uma calculadora que
faz contas impossíveis. Tenho aqui a poesia.

***

(eu queria escrever algo que tivesse a
inconstância das nuvens (a paisagem-
texto mudaria a cada olhar (cada desenho
do texto-céu duraria apenas alguns
milésimos de segundos (nuvens fugidias
que formariam-se onde menos
esperássemos (talvez no céu, talvez no
mar, nas sombras, dentro ou através de
nossos olhos (porque nossos olhos são
nuvens (nuvens que chovem alegria ou
tristeza (o livro seria um eterno transmutar-se

Pedro Du Bois

Poeta da rede. Reside em Santa Catarina - Brasil.

O link para o blog: Pedro Du Bois.

Escrever

Evito escrever verdades
veleidades
aleivosias

(abismado em águas descobertas
receio o eco inebriado: letra
estrangulada)

reviro mentiras
ao lado desproporcionado
em cantos: calo o verbo.

Levanto bandeiras
em punhais enviesados.

Verdades: a indiferença
anotada no canto da folha
jogada ao chão de outonos.

***

O Jardim do Labirinto

Ser do jardim o caminho
entremeado em flores

folhas decompostas
ao solo, tardio
em geometrias: teu
o labirinto onde formigas
carregam o destino recortado
e o medo avassalado: nada
se compara ao jardim
destruído em pedras
e inços: o jardim
das maravilhas perdido
em curvas indecifráveis.
(Pedro Du Bois, inédito)

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